De Barista a Príncipe: O Café que Uniu Dois Corações

O Barista Misterioso e a Primeira Xícara de Café

Era uma manhã fria de outono em Seul. As folhas douradas caíam suavemente das árvores, criando um tapete colorido nas calçadas. O som suave da cidade ao longe, combinado com o aroma inebriante de café fresco, convidava todos a se refugiar no pequeno e acolhedor café escondido em uma rua tranquila. Este café, chamado “Café Hae”, era um local simples, mas cheio de personalidade. O interior era acolhedor, com móveis de madeira envelhecida, luzes baixas e uma atmosfera tranquila, onde cada cliente se sentia como em casa.

No balcão do café estava Hae Jin, um jovem de olhar profundo e sorriso enigmático. Ele usava um avental simples, com o nome do café bordado discretamente em letras pequenas, e sua habilidade com o café era inigualável. Seus movimentos eram suaves e precisos enquanto preparava as bebidas. Ele nunca se apressava, sempre atento a cada detalhe, como se cada xícara que preparava fosse única. Os clientes gostavam de sua presença silenciosa, e muitos se sentiam atraídos pela serenidade que ele emanava. No entanto, apesar de ser bem-sucedido no seu trabalho, poucos sabiam quem Hae Jin realmente era.

A verdade era que Hae Jin não era apenas um simples barista. Ele era o príncipe herdeiro de um pequeno reino, mas fugira de sua vida cheia de pressões reais e responsabilidades. O fardo de ser alguém constantemente observado pela sociedade o havia forçado a abandonar sua posição de príncipe, buscando um refúgio longe da família real e dos deveres do trono. Ele se escondeu sob uma nova identidade, longe das câmeras e das obrigações, dedicando-se ao que mais amava: preparar café e servir aos outros com uma gentileza única.

A vida simples que havia escolhido parecia perfeita para Hae Jin. Ele se sentia livre, como nunca antes, sem a constante cobrança da realeza. No entanto, algo faltava. Embora ele gostasse de sua rotina diária, sentia-se solitário. O café era seu lugar de conforto, mas ao mesmo tempo, ele sabia que sua verdadeira identidade, se descoberta, poderia destruir tudo. Ele ainda estava tentando aceitar sua escolha e, quem sabe, construir uma vida genuína, sem a máscara da realeza.

Foi em um desses dias tranquilos que Min Ji entrou pela primeira vez no “Café Hae”. Ela estava visivelmente cansada e um pouco desorientada, com os ombros tensos e o semblante fechado. Min Ji era uma jovem empresária que acabara de se mudar para Seul, em busca de novas oportunidades de trabalho. Seu dia a dia era uma mistura de reuniões e decisões difíceis, e ela sentia que estava constantemente sendo pressionada por expectativas que não eram suas. Havia dias em que tudo parecia um fardo, e ela ansiava por um pouco de paz.

Ao ver o pequeno café escondido entre dois prédios, ela decidiu que seria o local perfeito para uma pausa. Quando entrou, a sensação de acolhimento a envolveu imediatamente. O cheiro do café fresco, misturado com o toque suave de uma música instrumental ao fundo, fez com que ela se sentisse em casa. Ela se sentou em uma mesa no canto, longe da movimentação, e olhou para o cardápio, ainda perdida em seus próprios pensamentos.

Hae Jin observava os clientes de longe, com um sorriso tranquilo, enquanto preparava as bebidas com uma precisão quase artística. Quando Min Ji fez seu pedido, ele a observou brevemente. Algo nela o chamou a atenção, talvez a tensão em seus ombros ou o olhar distante que ela carregava. Ele se aproximou com a xícara de café, a bebida perfeita para uma primeira interação. Sem palavras, ele colocou o café diante dela. Seus olhos se encontraram por um breve momento, e ela viu algo ali, um brilho oculto nos olhos dele. Mas, antes que pudesse pensar muito sobre isso, Hae Jin já se afastava, voltando ao seu posto.

Min Ji pegou a xícara e, ao dar o primeiro gole, sentiu uma explosão de sabor que a surpreendeu. Nunca havia experimentado um café tão perfeito, com um equilíbrio de amargor e doçura que parecia despertar todos os seus sentidos. Algo tão simples, mas tão maravilhoso, que a fez esquecer por um momento das pressões do dia.

Ela voltou ao café nos dias seguintes, sempre buscando a mesma paz que encontrou na primeira visita. À medida que os dias passavam, ela começou a perceber a presença silenciosa de Hae Jin. Ele nunca a forçava a conversar, mas sempre estava lá, pronto para entregar o café com uma cortesia discreta. Ele era diferente de todos os outros, algo na sua calma a atraía. Ela se pegava pensando nele, embora jamais tenha trocado mais que algumas palavras com ele.

Hae Jin, por sua vez, começou a notar Min Ji. Sua energia era única, e ele sentia que havia algo nela que não podia ser explicado. Ela parecia estar sempre pensativa, mas nunca falava muito sobre sua vida. Era como se ela tivesse um mundo próprio, um mistério que o intrigava. Mas Hae Jin sabia que sua própria vida era um enigma, um segredo que jamais poderia ser revelado. E, por isso, ele se limitava a observar.

O café, com seus aromas e momentos silenciosos, tornou-se o ponto de encontro de dois mundos que, até então, não se conheciam. Para Min Ji, aquele pequeno café era um refúgio, e para Hae Jin, ele era a única forma de manter um pouco de paz em sua vida conturbada. Eles estavam prestes a descobrir que, às vezes, os encontros mais simples podem mudar tudo.

Laços Crescendo em Meio ao Café e à Confusão

Os dias seguintes passaram como uma sequência de manhãs tranquilas e tardes preguiçosas, com o mesmo aroma acolhedor do café preenchendo o ar. Min Ji continuava frequentando o “Café Hae”, cada vez mais atraída pela paz que encontrava naquele espaço. O trabalho intenso e as responsabilidades do mundo corporativo não a abalavam tanto enquanto estava ali, observando o café sendo preparado com tanta dedicação e precisão por Hae Jin.

Ela havia se acostumado à rotina silenciosa entre eles. Cada dia, ela se sentava na mesma mesa, pediando seu café preto forte e, ao receber a bebida, trocava um breve olhar com Hae Jin. Ele nunca falava muito, mas havia algo em seus olhos que a fazia sentir-se confortável. Era como se ele soubesse exatamente o que ela precisava, sem nunca perguntar. Min Ji começou a esperar por esses momentos de silêncio compartilhado, como se a presença dele fosse uma respiração tranquila no meio do caos que sua vida representava.

Com o tempo, ela se sentia mais à vontade para iniciar pequenas conversas. “Como está o seu dia hoje?” ela perguntava, enquanto ele preparava suas bebidas, sua voz suave e tranquila contrastando com o som agitado da cidade lá fora. Hae Jin sempre respondia com um simples sorriso e uma palavra, como se fosse o suficiente para manter a conversa fluindo.

— “Tudo calmo, como sempre,” ele dizia, sem parecer incomodado. Ele estava acostumado à sua rotina diária, onde cada movimento era feito de forma automática. No entanto, ao ver Min Ji, algo dentro dele se despertava. Era algo novo. Algo que ele não sabia explicar. A maneira como ela falava de seu trabalho, sempre tão dedicada, mas sempre com um toque de melancolia no olhar, intrigava-o profundamente.

Min Ji começou a confiar nele mais do que em qualquer pessoa. Em seus dias mais difíceis, ela se encontrava a caminho do “Café Hae”, buscando não apenas o sabor incomparável do café, mas também a companhia silenciosa de Hae Jin. Ele nunca a pressionava para falar sobre o que a afligia, mas havia algo em sua presença que a fazia sentir-se menos sozinha. Ela começava a se dar conta de que algo estava mudando em sua vida, algo que não era tão simples quanto café e conversas curtas.

Com os dias, Hae Jin também começou a se abrir mais. Embora continuasse guardando os detalhes de sua verdadeira identidade, ele começou a contar mais sobre seus gostos e preferências. Ele falou sobre seu amor pela tranquilidade e como o café lhe dava uma sensação de controle que ele nunca teve antes em sua vida. Às vezes, ele até compartilhava histórias de sua cidade natal, mas sempre com cuidado para não revelar demais.

Min Ji, embora não soubesse muito sobre o passado de Hae Jin, começou a perceber uma certa melancolia em suas palavras. Era como se ele estivesse escondendo algo importante, mas, ao mesmo tempo, havia uma força tranquila em sua postura. Ela respeitava o silêncio dele, mas se via cada vez mais curiosa. Como ele tinha essa calma? Por que parecia ser tão diferente de todos os outros que ela conhecia?

Eles começaram a passar mais tempo juntos, embora ainda fosse sempre de maneira sutil. Hae Jin nunca forçava a conversa, e Min Ji sempre tentava manter as interações leves, mas as palavras pareciam fluir mais naturalmente com o tempo. Eles falavam sobre o trivial, como o clima e os filmes que haviam visto, mas também compartilhavam pensamentos mais profundos sobre a vida, o trabalho e até mesmo seus sonhos. Min Ji descobriu que Hae Jin gostava de poesia e música clássica, algo que nunca teria imaginado ao vê-lo trabalhar calmamente atrás do balcão. Ele não era apenas um barista habilidoso, mas alguém com um mundo interno rico e fascinante.

Mas, à medida que os laços entre os dois cresciam, algo mais começava a se formar — uma atração silenciosa, mas palpável. Min Ji começou a sentir uma conexão crescente com Hae Jin, algo que ia além das simples interações diárias. Ela estava começando a ver nele algo mais do que o barista tranquilo que havia conhecido. Havia uma profundidade em seus olhos, um mistério que ela não conseguia desvendar, mas que ao mesmo tempo a fazia querer estar mais perto dele.

No entanto, essa crescente atração trouxe uma sensação de desconforto para ambos. Min Ji estava dividida entre o desejo de se aproximar mais de Hae Jin e o medo de que ele pudesse ser apenas uma pessoa fugindo de algo. Ela sabia que algo não estava certo, que havia algo em seu passado que ele se recusava a compartilhar. E Hae Jin, por sua vez, começava a sentir um peso no coração. Ele sabia que, em algum momento, a verdade sobre sua identidade seria revelada, e isso poderia mudar tudo.

Eles estavam em um jogo delicado, onde os sentimentos estavam crescendo, mas as palavras ainda estavam por ser ditas. A atração entre eles se tornava mais evidente a cada encontro, mas ambos estavam presos em um silêncio que falava mais do que qualquer conversa. A confusão de seus próprios sentimentos os deixava inseguros sobre o que fazer a seguir, mas um fato era certo: algo estava prestes a mudar entre eles, e a conexão que ambos sentiam não podia ser ignorada por muito mais tempo.

O Segredo de Hae Jin e a Descoberta Surpreendente

Os dias começaram a se tornar mais agitados para Min Ji, enquanto a pressão de seu trabalho aumentava a cada semana. Ela continuava sua rotina no “Café Hae”, mas a presença silenciosa de Hae Jin começava a ocupar seus pensamentos de uma maneira que ela não conseguia controlar. A sensação de estar em um espaço seguro, onde o mundo parecia desacelerar, já não era suficiente para acalmar a curiosidade que crescia dentro dela. Algo nela sentia que Hae Jin não era apenas um simples barista, que sua vida tinha um enigma que ele se recusava a resolver.

Embora Hae Jin fosse um mestre em esconder suas emoções e manter uma fachada tranquila, algo em seu olhar revelava que ele estava começando a se abrir, pouco a pouco. Cada conversa entre eles se tornava mais íntima, mais envolvente, e ela não conseguia evitar a sensação de que, em algum momento, ele iria revelar a verdade. Havia algo em seu silêncio que a fascinava, mas também a deixava inquieta. Min Ji sabia que ele estava escondendo algo importante, algo que ele temia que pudesse afastá-la. O que poderia ser?

Uma tarde, depois de um longo dia de reuniões e prazos apertados, Min Ji foi ao café como de costume. Ela precisava de uma pausa, de um lugar onde pudesse recarregar as energias. Ao entrar, o aroma familiar do café fresco a envolveu de imediato, e ela foi recebida com um sorriso gentil de Hae Jin, que estava atrás do balcão. Mas algo estava diferente naquele dia. Hae Jin parecia mais distraído, com os olhos fixos em algo distante, como se estivesse pensando profundamente em algo que o perturbava.

Min Ji hesitou por um momento, mas logo se aproximou do balcão. Quando seus olhos se encontraram, ela percebeu uma expressão de tensão que não estava ali antes. Ela sentiu uma onda de preocupação invadir seu peito. Algo estava errado, mas o quê? Ela não sabia exatamente, mas sabia que precisava perguntar.

— Você está bem, Hae Jin? Sua voz foi suave, mas carregada de uma preocupação genuína. Ela nunca o tinha visto assim, tão distante, tão preocupado. Ele hesitou por um momento, como se estivesse tentando decidir se deveria compartilhar ou não.

— Estou só pensando sobre algumas coisas… Ele respondeu com um sorriso forçado, tentando esconder a inquietação. — Não se preocupe, é apenas uma fase.

Mas Min Ji sabia que aquilo não era apenas uma “fase”. Algo estava pesando sobre ele, algo que ele não queria revelar. Ela se sentou em sua mesa habitual, mas seus olhos não conseguiam desviar de Hae Jin. Cada movimento dele parecia carregado de um segredo não dito. E quanto mais ela pensava, mais ela tinha a sensação de que ele estava prestes a contar algo crucial. Ela sentiu, no fundo de seu coração, que aquele poderia ser o momento em que ele finalmente se abriria.

Enquanto o café não estava muito movimentado, Hae Jin se aproximou de sua mesa com sua xícara favorita de café. Ele colocou a bebida diante dela, como de costume, mas desta vez havia algo diferente em sua atitude. Ele não se afastou imediatamente. Ele ficou ali, olhando para ela com uma expressão que ela não conseguia entender completamente.

— Min Ji… Eu preciso te contar algo, ele disse finalmente, sua voz baixa e grave, como se cada palavra tivesse um peso enorme. Min Ji sentiu o coração acelerar. Este era o momento que ela esperava, mas ao mesmo tempo, algo dentro dela temia o que ele fosse dizer.

— Eu não sou apenas um barista, Hae Jin continuou, seus olhos se desviando brevemente antes de se fixarem nela. Eu sou… eu sou de uma família real. Sou o príncipe herdeiro de um pequeno reino. Mas… eu fugi.

Min Ji ficou em silêncio, absorvendo as palavras dele. Ela olhou para ele, tentando processar o que acabara de ouvir. Um príncipe? O homem tranquilo que ela conhecia, com seu avental de barista e sua maneira reservada, era na verdade alguém de uma posição tão alta e repleta de responsabilidades?

— Você… um príncipe? Ela perguntou, a surpresa tomando conta de sua voz. Hae Jin assentiu lentamente, seus olhos carregados de uma dor silenciosa.

— Sim. Eu abandonei tudo. A vida, o trono… Eu não aguentava mais. A pressão era insuportável. Eu queria ser apenas alguém normal, alguém simples. Sua voz estava cheia de uma mistura de arrependimento e liberdade, como se estivesse finalmente liberando um peso que carregava por tanto tempo.

Min Ji não sabia o que dizer. Ela sentiu uma mistura de emoções — surpresa, empatia, mas também uma certa tristeza. Ela nunca imaginaria que Hae Jin, o homem que parecia ser tão simples e sereno, carregava uma carga tão grande. Ele não era apenas um barista, mas alguém que sacrificou tudo por sua própria felicidade.

— Por que você não me contou antes? Min Ji perguntou, a preocupação ainda evidente em sua voz. Eu teria entendido.

Hae Jin sorriu suavemente, mas havia tristeza em seus olhos. Eu não queria que você me visse como um príncipe. Eu queria que você me visse apenas como Hae Jin, o barista do seu café favorito. Ele fez uma pausa, como se estivesse pesando suas palavras. Eu sei que isso muda tudo, e eu não quero que você me veja de forma diferente. Eu só… não sabia como te contar.

Min Ji olhou para ele, suas emoções conflitantes, mas uma coisa estava clara: ela não sabia o que o futuro reservava, mas ela não o via de forma diferente. Ele era ainda o homem gentil e cuidadoso que ela conhecia, e isso era o que mais importava.

— Eu não te vejo de forma diferente, Hae Jin, ela disse finalmente, com um sorriso reconfortante. Eu te vejo como a pessoa que sempre foi, e isso é o que importa.

Ele olhou para ela, surpreso com sua resposta, e uma leve tensão se dissipou entre eles. A conexão que existia entre eles, agora, era mais forte do que nunca. O segredo de Hae Jin foi revelado, e, apesar das dificuldades que viriam, algo novo estava começando a crescer entre eles.

O Conflito e a Escolha de Hae Jin

A revelação do segredo de Hae Jin parecia ter criado uma nova camada de tensão entre ele e Min Ji, mas também havia algo mais — uma sensação de alívio, de que agora, finalmente, ela sabia a verdade. Min Ji não o via de forma diferente, mas as palavras dele ecoavam em sua mente: “Eu sou o príncipe herdeiro de um pequeno reino.” Como poderia ela, uma simples mulher de negócios, realmente entender o peso de tudo o que ele havia vivido? Ela tentava, com todo o seu coração, oferecer apoio, mas uma parte dela se perguntava se ela seria suficiente para ele, para a pessoa que ele realmente era.

Enquanto isso, para Hae Jin, o peso de sua escolha estava se tornando mais difícil a cada dia. Ele havia fugido de seu reino porque não aguentava a pressão de viver à sombra de um destino que nunca escolheu. A liberdade que ele tanto desejava vinha com uma carga emocional ainda maior. O dilema agora era simples: ele deveria retornar à sua família e assumir o papel que sempre lhe foi destinado, ou permanecer ao lado de Min Ji, a mulher que começava a fazer seu coração bater mais rápido do que qualquer dever real poderia fazer?

Naquela manhã, quando Min Ji entrou no café, ela percebeu que havia algo diferente no ar. Hae Jin estava mais distante do que o normal, e sua expressão carregava um peso que não estava ali antes. Ele parecia mais pensativo, mais preocupado. Ela tentou se aproximar, mas ao ver o olhar tenso que ele tinha, a sensação de que algo estava errado se intensificou.

— Hae Jin, você está bem? Ela perguntou, inclinando-se levemente para a frente, com a voz suave e cheia de preocupação.

Ele deu um sorriso forçado, tentando esconder o que estava realmente acontecendo, mas Min Ji podia ver através dele. Havia uma luta interna acontecendo dentro dele, algo que ela não sabia como abordar. Ele olhou para ela, os olhos marcados por um conflito visível, e, por um momento, parecia estar em dúvida sobre o que deveria fazer.

— Min Ji… Eu preciso te contar mais uma coisa, Hae Jin começou, a voz tensa. Eu… eu fui chamado de volta para o meu reino.

Min Ji sentiu um aperto no peito ao ouvir isso. Ela sabia que esse momento chegaria, mas não estava preparada para encarar a realidade de que ele poderia partir.

— Eles querem que eu volte e assuma o trono. Eles disseram que não posso continuar fugindo para sempre. Ele fez uma pausa, como se as palavras fossem difíceis de sair. Eu sempre soube que, eventualmente, isso aconteceria. Mas eu… eu não sei se estou pronto para voltar.

Min Ji engoliu em seco. Ela sempre soubera que ele não poderia simplesmente desaparecer em sua vida, que havia um mundo ao qual ele pertencia, mas ouvir isso de Hae Jin, com a dor em sua voz, foi diferente. Ela se sentiu perdida por um momento, sem saber o que responder.

— E o que você vai fazer? Ela perguntou, a voz tremendo, apesar de tentar se manter calma.

Hae Jin olhou para ela com uma tristeza profunda. Ele respirou fundo, como se estivesse pesando suas palavras, tentando encontrar uma maneira de fazer sentido do caos em sua mente. Ele não queria decepcioná-la, não queria que ela sentisse que ele estava fugindo de sua responsabilidade, mas o pensamento de voltar ao trono, de ser forçado a viver uma vida que ele não escolheu, fazia seu estômago revirar.

— Eu… eu não sei, ele respondeu, com os ombros caídos, parecendo mais vulnerável do que nunca. Min Ji, a verdade é que… eu não sei se sou capaz de retornar. Eu sei que tenho responsabilidades, mas minha vida aqui, com você, parece ser a única coisa que realmente me faz sentir vivo. Eu nunca pensei que fosse possível, mas estar com você… me dá uma sensação de liberdade que eu nunca tive antes.

Min Ji sentiu seu coração apertar ainda mais. Ela olhou para ele, tentando ler seus olhos, tentando entender a dor que ele estava sentindo. Ela sabia que ele estava dividido, entre seu dever e o desejo de seguir seus próprios sonhos, de viver uma vida que escolhesse para si mesmo.

— Eu entendo, ela disse suavemente, tentando manter a calma, embora a insegurança estivesse se espalhando por seu peito. Eu entendo o peso das suas responsabilidades, Hae Jin. Mas, você tem que entender que, se você decidir ficar, você precisa fazer isso por você. Não por mim, e não por ninguém mais. O que você escolher deve ser algo que venha do seu coração.

As palavras de Min Ji pareceram atingir um ponto sensível dentro dele. Hae Jin olhou para ela com um olhar de gratidão, como se ela tivesse dado a ele a permissão que ele mais precisava — a permissão para escolher por si mesmo, sem a pressão da obrigação ou da expectativa dos outros.

— Eu… eu preciso de mais tempo para pensar,” Hae Jin respondeu, com a voz mais firme, mas ainda cheia de conflito. “Eu preciso entender o que é melhor para mim, para nós.

Min Ji assentiu, compreendendo o que ele estava passando. Ela sabia que a decisão dele não seria fácil. Ela também sabia que essa escolha definiria o rumo de suas vidas para sempre. Tudo o que ela podia fazer era dar-lhe o espaço e o tempo que ele precisava para tomar essa decisão, sem pressões, sem julgamentos. Afinal, ela não queria que ele fizesse algo que depois pudesse se arrepender.

Os dois ficaram em silêncio por um momento, os olhos de Hae Jin presos na xícara de café na frente dele, enquanto Min Ji observava a complexidade de seus sentimentos. O futuro deles estava em jogo, e ela não sabia como ele escolheria. Mas uma coisa era certa: o vínculo que haviam criado era forte demais para ser destruído sem que houvesse uma luta por ele.

Hae Jin olhou para Min Ji novamente, e os olhos deles se encontraram. Ele sabia que sua decisão estava prestes a mudar tudo. A pressão estava em seu peito, mas ele finalmente começou a entender que, independentemente de qual fosse a escolha, ele não poderia mais viver na sombra do que deveria ser. Ele precisava ser verdadeiro consigo mesmo, e talvez, apenas talvez, Min Ji fosse a chave para ajudá-lo a encontrar esse caminho.

A Escolha do Coração e o Final Feliz

Os dias que seguiram foram marcados por uma tensão silenciosa. Hae Jin estava mais distante, o olhar perdido no horizonte, enquanto Min Ji tentava dar espaço para que ele tomasse sua decisão, sem pressioná-lo. O peso de sua escolha — voltar para seu reino e cumprir seu destino como príncipe, ou ficar ao lado dela e viver uma vida simples — parecia torná-lo ainda mais distante. Min Ji sabia que ele estava lutando contra uma batalha interna que ninguém mais poderia entender.

No entanto, a cada café servido, a cada sorriso tímido trocado entre os dois, Min Ji sentia que Hae Jin estava se aproximando da resposta que precisava. Era claro para ela que ele ainda estava dividido, mas também podia ver a luta em seus olhos. Hae Jin não queria apenas fazer a escolha certa, ele queria fazer a escolha verdadeira para si mesmo, algo que o fizesse feliz, algo que não fosse uma imposição do destino ou das expectativas da sua família real.

Uma tarde, o café estava mais tranquilo do que de costume, e o som suave da máquina de espresso preenchia o ar. Min Ji estava no balcão, organizando algumas xícaras, quando Hae Jin entrou na sala com uma expressão séria, mas ao mesmo tempo decidida. Ele caminhou até ela, parando ao seu lado. O olhar nos olhos dele era diferente daquela vez, mais focado, mais calmo. Algo dentro dele havia mudado.

Min Ji olhou para ele, o coração batendo mais rápido, esperando que finalmente ele falasse.

— Min Ji, ele começou, sua voz firme, mas suave. Eu tomei minha decisão. Ele deu uma pausa, como se as palavras estivessem pesando mais do que tudo o que ele já havia dito até então. Eu sei o que você vai pensar, mas eu preciso que você me ouça.

Ela o observou atentamente, seu coração ansioso. Ela não sabia o que esperar, mas sabia que a resposta dele mudaria o curso de suas vidas.

— Eu amo você, ele disse, a sinceridade em suas palavras evidente. Eu amo você de uma forma que eu nunca imaginei ser possível. Você me mostrou o que significa viver de verdade. Quando estou com você, o mundo parece fazer sentido. Eu… eu não posso voltar para o meu reino, não posso assumir o trono se isso significar viver uma mentira.

Min Ji sentiu seu coração derreter ao ouvir essas palavras. Ela sempre soubera que ele carregava um amor genuíno por ela, mas ouvir isso, de forma tão clara e sem reservas, fez com que ela sentisse uma felicidade inexplicável.

— Mas você tem responsabilidades, Min Ji respondeu, sua voz suave, cheia de compreensão. Você não pode simplesmente ignorar o que sua família espera de você.

Hae Jin balançou a cabeça lentamente. Eu sei, Min Ji. Mas há algo mais importante do que qualquer título ou obrigação. Eu finalmente entendi que a verdadeira responsabilidade é ser fiel a quem você realmente é. Não posso ser feliz vivendo para os outros. Ele fez uma pausa, olhou diretamente para ela e sorriu com uma suavidade que tocou o fundo de seu coração. E eu quero ser feliz com você. Eu quero construir minha vida ao seu lado, aqui, nesse café. Com você.

Min Ji sentiu uma onda de emoções invadir seu peito. O homem diante dela, que antes parecia preso a uma vida que não escolhera, estava agora oferecendo-lhe um futuro. Um futuro ao seu lado, com toda a honestidade e carinho que ela sempre sonhou.

— Você tem certeza disso, Hae Jin? Ela perguntou, a voz quase um sussurro. Tem certeza de que está disposto a deixar tudo para trás por uma vida que pode ser… tão diferente?

Hae Jin sorriu de forma calorosa, seus olhos brilhando com a certeza que ele finalmente encontrara. Sim, tenho certeza. Eu quero viver a vida que escolhi, com você. Se eu posso ser feliz ao seu lado, não há nada mais que eu precise.

Min Ji não conseguia conter a felicidade que tomou conta de seu corpo. As palavras de Hae Jin eram tudo o que ela desejava ouvir, e mais. O amor que eles compartilhavam finalmente se tornava algo mais palpável, algo que ambos podiam construir, sem os fantasmas do passado ou as expectativas de uma vida que não pertenciam a eles.

Naquele momento, Min Ji deu um passo à frente e envolveu Hae Jin em um abraço apertado, sentindo a paz que havia faltado durante tanto tempo. Ele a abraçou de volta, com força, como se estivesse dizendo, sem palavras, que finalmente estava em casa, ao lado dela.

A decisão de Hae Jin não foi fácil, mas quando ele escolheu o coração, ele soube que estava fazendo a coisa certa. Juntos, eles construiriam uma nova vida, longe dos olhares exigentes de uma realeza que ele havia deixado para trás. O Café Hae, o local que os uniu, agora se tornava o símbolo de uma nova jornada — uma jornada de amor, de escolhas corajosas e de um futuro que eles escreveriam, passo a passo, juntos.

Com o tempo, o café cresceu, tornou-se um dos pontos mais queridos da cidade, e o casal, agora feliz, continuou a oferecer aos seus clientes não apenas café, mas uma experiência cheia de amor e cumplicidade. O destino, que antes parecia ter o controle de suas vidas, agora se tornava apenas uma lembrança distante. Eles haviam encontrado algo muito mais poderoso: a escolha do coração.

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